Olá pessoal, nessa postagem trataremos sobre "As atividades lúdicas como auxiliares para trabalhar a ansiedade infantil no contexto escolar".
O lúdico faz parte do universo infantil
enquanto mecanismo estratégico de desenvolvimento da aprendizagem, pois,
propicia o desenvolvimento cognitivo através do envolvimento dos sujeitos
aprendentes e possibilita a apropriação significativa do conhecimento. O jogo
torna-se a porta de acesso ao saber quando o processo de aprendizagem torna-se
prazeroso e dinâmico na troca com o outro. Assim, o conhecimento torna-se uma
construção pessoal que se relaciona ao fazer e o jogo propicia essa construção
(LEON, 2011).
O brincar permite a criança apropriar-se
de uma linguagem simbólica através da qual recria elementos da realidade
imediata, atribuindo-lhes novos significados. Assim, ela desenvolve ritmo, criatividade,
estratégias cognitivas e comportamentais, a socialização, noções de tolerância,
limites e regras (MELO, 2011).
Com o avanço das Tecnologias da
Informação e da Comunicação (TICs) houve uma crescente aceleração no
desenvolvimento do processo de ensino e aprendizagem e na elaboração de
materiais didáticos, fazendo uso do som, cor e movimento, proporcionando aos
professores facilidade de configurar as atividades as necessidades das crianças
em sala de aula (SCOLARI, BERNARDI e CORDENONSI, 2007)
Porém, um importante fator deve ser identificado,
a ansiedade infantil encontrada em muitas crianças, que pode variar em grau de
intensidade e que influencia na capacidade de atenção encontrada, nos
relacionamentos interpessoais, na auto-estima, prejudicando a aprendizagem e
dificultando o trabalho do professor (MELO, 2011).
LIPP (2005), acredita que a ansiedade é
um estado emocional de apreensão, preocupação ou inquietação relacionada a uma
ameaça. Para DANIELSK (2003) a ansiedade é uma sensação desagradável de
apreensão e tensão, a qual se associam um sentimento de medo, de ameaça e
descontrole perante algo que está para acontecer.
Seu curso normal nas diferentes etapas
da vida é: angústia do oitavo mês: medo de estranhos, ruídos fortes, objetos
inesperados; até três anos: medo de separar-se dos pais, de animais, barulhos,
escuro, pesadelos e banheiro; dos quatro aos seis anos: ansiedades edípicas com
medo de monstros, seqüestradores, fantasmas, ladrões; na idade escolar: ocorre
temor de dano corporal, morte; dos dez aos treze anos: comparação na aparência
física, conduta e desempenho; na adolescência: perda de prestígio e ansiedade
social ou fracasso. Já a ansiedade patológica é percebida pela sua severidade,
persistência, associação a eventos neutros e prejuízo significativo no
funcionamento e desenvolvimento psicossocial da criança ou adolescente (BASSOL,
FERREIRA e RECONDO, 2012).
Na ansiedade infantil, o que se observa
são manifestações fisiológicas (respiração alterada, sofrimento abdominal
difuso, rubor, urgência urinária, tremor, distúrbio gastrointestinal),
comportamentais (evitação da situação que causa ansiedade, voz trêmula, postura
rígida, choro, roer as unhas, chupar o dedo) e cognitivas (pensamentos
auto-referentes negativos, no sentido de estar sendo ameaçado, ferido ou
criticado). Quase sempre os sintomas de ansiedade em crianças são variados e
confusos, aparecendo, muitas vezes, como queixas somáticas (LIPP, 2005).
Segundo Oliveira (2008), os pais e
educadores confundem a ansiedade infantil com birra ou manha. O importante é
deixar claro para ambos que quando esse transtorno emocional não é facilitado
ou diagnosticado com seriedade, a criança não sofrerá danos sociais que poderão
agravar-se gerando sérios prejuízos escolares.
O autor afirma que esta ansiedade
interfere no desempenho do aluno, principalmente no período de provas
dificultando a capacidade de recordar ou recuperar um conteúdo estudado. Isso
ocorre porque dividem sua atenção entre as exigências da tarefa e sentimentos de
cobrança, diminuindo o nível de concentração e o desempenho em situações estressantes
de avaliação. Nesse caso, o papel dos pais é muito importante e podem ajudar
demonstrando confiança pela escola, cumprindo os horários de levar, buscar ou
de esperar a criança sempre no local combinado e dando espaço para a criança
contar tudo sobre a escola.
Chagas (2011), afirma que uma das
maneiras de desenvolvimento do aprendizado infantil, dar-se por meio do
comportamento e da conduta dos modelos em que os pais, bem como professores e
demais pessoas significativas, participam para reprodução de comportamentos.
Por esse motivo faz-se necessário que, os professores e principalmente os pais,
estimulem a conversação com as crianças através da audiência compreensiva, da
demonstração de interesse pelas atividades e opiniões deles, concomitantemente
com a demonstração de afeto e confiança. Outro aspecto que necessita da atenção
dos pais, bem como os profissionais ligados a educação como o psicólogo e
psicopedagogo, é o reconhecimento correto e o adequado cuidado na atenção e no
tratamento da ansiedade na infância.
Em matéria exibida no Jornal Hoje da rede Globo de televisão em Outubro de 2012, os alunos de uma escola pública de São Paulo estão tirando notas mais altas e também se comportando melhor desde que o jogo de xadrez passou a fazer parte das aulas. O estudante ouve, observa e fica mais concentrado. A iniciativa faz parte do projeto Amigos da Escola, da Rede Globo. “Minhas notas eram péssimas , eu era bagunceiro...", conta Giovani, aluno da escola. Na ficha de acompanhamento estão advertências por indisciplina, faltas, encaminhamentos para psicólogos, três reprovações. Depois do xadrez, ele só fica acima da média. Isso demonstra o quanto a atividade lúdica é eficaz.
Na escola, atividades integradas com outras crianças podem auxiliar no desenvolvimento de habilidades, tolerância, adaptação e construção da flexibilidade, favorecendo na forma de lidar com a ansiedade infantil. Na clínica psicopedagógica, a proposta é ir além do jogo para o ato de antecipar, preparar e confeccionar o próprio jogo antes de jogá-lo, ampliando desse modo a capacidade do jogo a outros objetivos, como profilaxia, exercício, desenvolvimento de potencialidades e também na terapia de distúrbios específicos de aprendizagem (MELO, 2011).
O lúdico faz parte do universo infantil enquanto mecanismo estratégico de desenvolvimento da aprendizagem;
O brincar permite a criança apropriar-se de uma linguagem simbólica através da qual recria elementos da realidade imediata, atribuindo-lhes novos significados;
A ansiedade infantil encontrada em muitas crianças pode variar em grau e intensidade;
Influencia na capacidade de atenção, nos relacionamentos interpessoais, na auto-estima, interfere no desempenho, principalmente no período de provas prejudicando a aprendizagem .
Os professores e pais devem estimular a conversação com as crianças através da audiência compreensiva, da demonstração de interesse pelas atividades e opiniões deles, concomitantemente com a demonstração de afeto e confiança;
O reconhecimento correto e o adequado cuidado na atenção e no tratamento da ansiedade na infância é muito importante.
É de fundamental importância que o professor, psicólogo ou psicopedagogo utilize-se de instrumentos lúdicos para possibilitar que a criança, no quadro de ansiedade, vivencie a frustração de interromper a confecção ou ser derrotado no jogo, internalizando dessa forma os efeitos das frustrações como naturais e podendo postergar seus desejos sem grande sofrimento.
O jogo pode dar respostas, apresentar resultados, desenvolver habilidade e demonstrar competências, desmistificar e desbloquear os conceitos de medo e incapacidade, flexibilizar o olhar e pensar do aluno, trabalhar regras e cooperatividade, valores éticos e morais também podem ser estruturados através da convivência que o jogo possibilita.
No caso das crianças que apresentam quadros de ansiedade, o jogo também se mostra importante instrumento, uma vez que dá vazão a pensamentos de medo e insegurança, trabalha a criatividade, limitações, potencialidades e estratégias de ação, dando a criança possibilidades de ampliar seu repertório comportamental, reduzindo a ansiedade.
Portanto, não há duvida dos benefícios obtidos na utilização de jogos e das atividades lúdicas na escolarização, frente ao processo de ensino-aprendizagem e diante de quadros clínicos, como por exemplo, as dificuldades de aprendizagem e a ansiedade infantil.
Referências Bibliográficas
BASSOL, A.M.; FERREIRA, M.H.S.;
RECONDO, R. Transtorno de Ansiedade na
Infância. Disponível em:
http://www.ippad.com.br/ippad/siteprincipal/material.asp? var_chavereg=111.
Acesso em: 29 out 2012
CHAGAS,
E.P.C. Educação Informal - A percepção das mães frente ao desenvolvimento dos
filhos. In: V Colóquio Internacional Educação e Contemporeneidade. 2011. Anais... São Cristovão: UFS, 2011.
DANIELSKI, V. Ansiedade - Por que a criança se sente
sufocada? Ed. Ave-Maria. São Paulo. 2003.
LEON, A.D. Reafirmando o lúdico como estratégia de
superação das dificuldades de aprendizagem. Revista Ibero-americana de
Educação. n.56/3, 2011.
LIPP, M.E.N. (org.). Crianças estressadas – causas, sintomas
soluções. Ed. Papirus. São Paulo. 2005.
MELO,
F.S. Jogos e brincadeiras: espaço de ação escolar e psicopedagógica no
desenvolvimento infantil. In: V Colóquio Internacional Educação e
Contemporeneidade. 2011. Anais...
São Cristovão: UFS, 2011.
MOURA, M.O. O jogo e a
construção do conhecimento matemático. In: CONHOLATO, M.C.; FARES, J. (Org.). O jogo
e a construção do conhecimento na Pré-escola. Série Idéias, n. 10. São
Paulo: FDE/Diretoria Técnica, 1991. 130p.
OLIVEIRA, A.S.C. Ansiedade infantil e os prejuízos na vida escolar. São Paulo: CRDA, 2008. 38 p. (TCC, Especialização Lato Sensu em Distúrbios de Aprendizagem).
SCOLARI,
A.T.; BERNARDI, G.; CORDENONSI, A.Z. O Desenvolvimento do Raciocínio Lógico
através de Objetos de Aprendizagem. RENOTE.
Revista Novas Tecnologias na Educação, v. 5, n. 2, 2007.
XADREZ. Jornal Hoje. Rio de Janeiro: Rede
Globo, 26 de Outubro de 2012. Programa de TV.
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ResponderExcluirblog muito interesante recomendei para a minha equipe no colegio objetivo zona norte adorei o post, parabéns pelo conteudo, nos ajudou muito a lidar com essa questão!