O
Significado do Brincar
O brincar é um
procedimento necessário enquanto ferramenta de intervenção ou instrumento de
comunicação no atendimento psicológico infantil, uma vez que fornece à criança
um ambiente planejado e enriquecido que possibilita a aprendizagem de
habilidades. O que vai diferenciar o brincar em termos de conceito, definição e
função é o referencial teórico utilizado pelo profissional, podendo significar
instrumento de exploração do mundo, expressão dos sentimentos ou meio de
comunicação (GUERRELHAS et. al., 2000).
O autor
complementa que a adoção de uma abordagem terapêutica infantil baseada no
brincar, por vezes, está ligada a questões a cerca do desenvolvimento do
repertório básico do comportamento. A criança não tem um repertório amplamente
desenvolvido, bem como uma história de aprendizagem, um rol de habilidades
sociais, de linguagem física e motora necessária para estabelecer um padrão de
interação com o ambiente a ponto de se beneficiar de uma terapia puramente
verbal.
Deste modo, a
situação lúdica é utilizada na aplicação direta de procedimentos de manejo de
contingências. A brincadeira pode ser usada
como paliativo aos comportamentos indesejados e fator relacional na
aprendizagem de habilidades sociais, já que crianças absorvem melhor através do
lúdico, as informações que lhe são passadas.
O uso do lúdico,
exigido neste grau de ensino, prevê o emprego de metodologias agradáveis e
utilizando-se da brincadeira como ferramentas de aprendizagem podemos observar
que estes, proporcionam uma diversão que por si só já predispõe a criança para
a aprendizagem, além de trabalhar questões relacionadas a limites do tempo, do espaço
e das regras, também contribui para o espírito de criatividade, cooperação,
formação da auto-estima e do autoconhecimento (NISKIER, 1996).
O brincar e o
jogo não são apenas atividades realizadas sem um objetivo ou propósito, para
que aconteça a inserção ou o reforço das habilidades sociais através dos
mesmos, faz-se necessário utilizar o treino. Brincar com as crianças e permitir
o tempo necessário para que elas possam criar requer do adulto muita paciência
e disciplina, observar sem interferir em determinadas atividades infantis,
garante o próprio espaço/limite de ambos, além da disponibilidade para (re)aprender
a brincar como forma de reforço da atividade infantil (KISHIMOTO, 1999).
Se bem
trabalhadas, as habilidades terão como conseqüência o reconhecimento das
emoções, do comportamento e de como falar sobre elas, expressá-las, lidar com o
próprio humor e com sentimentos negativos, tolerar frustrações e desenvolver a
tolerância (DEL PRETTE, 2005).
Atualmente,
muitos terapeutas comportamentais infantis tem se utilizado de atividades lúdicas
e brincadeiras estruturadas para trabalhar a solução de problemas ou prevenção
de dificuldades futuras. Assim, é possível observar o papel do jogo nas fases
do desenvolvimento infantil, identificar conflitos e entender a forma de conhecer
o mundo da criança (KLAUS e KENNELL, 2000).
Referência Bibliográfica
DEL PRETTE, Z. A. P.; DEL PRETTE, A. Psicologia das habilidades sociais na infância. Petrópolis, RJ: Vozes, 2005.
GUERRELHAS, F., Bueno, M. e Silvares, E. F. M. Grupo de ludoterapia comportamental x Grupo de espera recreativo infantil. Revista Brasileira de Terapia comportamental e Cognitiva. Vol 2, n.2, julho/dez. 2000.
KISHIMOTO, T. M. (Org). Jogo, brinquedo, brincadeira e a educação. 3 ed. São Paulo: Cortez, 1999.
KLAUS, M.H.; KENNELL, J.H.; KLAUS, P.H. Vinculo: construindo as bases para um apego seguro e para a independência. Porto Alegre: Artes Médicas Sul, 2000.
NISKIER, A. LDB: a nova lei da educação – tudo sobre a nova lei de diretrizes e bases da educação nacional – uma visão crítica. Rio de Janeiro: Consultor, 1996.
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